A bela fachada amarela de um antigo casario de 1864 não revela tudo o que existe em seu interior: uma construção de mil metros quadrados composta por quatro grandes salas de aula, um café, uma biblioteca, um setor administrativo, um camarim e um teatro de 90 lugares. Mas isto ainda não diz tudo. Afinal, trata-se da concretização de um projeto que começou em 2004 – o da fundação da Faculdade CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) de Artes Cênicas, primeira iniciativa do Instituto CAL de Arte e Cultura. O Instituto tem por finalidade a preservação de estabelecimentos de educação superior, pós-graduação e educação profissional técnica de nível médio, visando à formação profissional nos campos da arte e da cultura e a promoção e produção de projetos de caráter artístico, cultural e social.

A inauguração da faculdade é uma vitória alcançada no exato momento em que o curso profissionalizante de ator da CAL completa 30 anos. O mesmo número, 44, que marca o endereço da CAL na Rua Rumânia, em Laranjeiras, aparecerá estampado na entrada da casa que abrigará a faculdade, na Rua Santo Amaro, na Glória. “A faculdade representa um crescimento natural. E é uma forma de fornecer uma titulação mais consistente aos alunos”, informa Gustavo Ariani, diretor geral da Faculdade CAL. Os alunos já formados no curso técnico poderão ingressar no quarto período da faculdade (cujo curso é de três anos) para obter o diploma universitário.

A partir da fundação da faculdade, o curso técnico ganhará perfil diferenciado, no qual, além do ensino teatral, haverá um aprimoramento nas áreas de cinema e televisão. “A tendência é que o curso técnico seja mais especializado”, complementa Hermes Frederico, diretor acadêmico da faculdade. O núcleo central da instituição também conta com Alice Reis, vice-diretora. A Faculdade CAL é mantida pelo Instituto CAL de Arte e Cultura, cujo presidente é Eric Nielsen.

Além das aulas de interpretação, corpo, voz e música, a Faculdade CAL contará com matérias como Ética e Filosofia, Sociologia e Política, Caracterização Cênica e Maquiagem, Perspectivas do Ator Brasileiro: Empreendedorismo e Mercado e História do Cinema e da TV. Haverá também cursos complementares de Canto Lírico, Clown, História da Arte, História da Telenovela, Idas monitoradas ao Teatro e ao Cinema, Máscara Neutra/Máscara Balinesa, Mímica Corporal Dramática e Técnicas de Roteiro, entre outros. “Fora as matérias obrigatórias, acrescentamos pluralidade de atividades complementares”, confirma Hermes. O teatro foi batizado de Espaço Sergio Britto em homenagem ao ator e diretor falecido no final de 2011, que constituiu presença fundamental na fundação da CAL, em 1982, bem como no desenvolvimento da escola ao longo dos anos. O espaço multiuso será destinado a apresentar tanto espetáculos da escola quanto profissionais.

A demora para viabilizar o projeto da Faculdade CAL se deveu a uma sucessão de entraves burocráticos. “Houve um tempo de tramitação muito grande. Vivemos um processo mais penoso do que propriamente difícil”, afirma Gustavo, que visitou várias casas antes de escolher a da Rua Santo Amaro. A casa estava arruinada, mas, como faz parte da Área de Preservação de Ambiente Cultural (APAC), foram recuperados o telhado e a fachada voltando aos seus modelos originais. Todo o interior, porém, foi radicalmente modificado e modernizado. E o desejo de expansão não termina por aí. “Há uma demanda crescente no Brasil. O nível superior abre portas de pós-graduação, que faremos daqui a dois anos. O MEC exige a abertura de outro curso de graduação. Será o de licenciatura”, anuncia Hermes.